Quando era miúda achava que ser adulta era estar sempre séria, portar sempre bem e não ter vontade de dizer barbaridades. Acontece que comigo é tudo ao contrário.
A professora do meu filho chamou-me de urgência para uma reunião de pais, tinha que falar comigo, e de preferência já naquela semana. Passou-me tudo pela cabeça, o meu filho vai ter negativas a todas as disciplinas, andou à pancada no recreio... eu sei lá... e afinal tinha passado um bilhetinho na sala. Sim, só isto.
Achei surreal, e estava cheia de vontade de rir. A professora sempre com um ar super sério e eu a controlar-me para parecer séria também. E o que dizia o recadinho?
"Não achas que a Joana é um bocado burra?"
Resposta do amigo: "Mais ou menos".
E eu à espera de desenvolvimentos e foi mesmo só isto. O meu filho ficou uma manhã inteira de castigo enfiado na sala de aula, sem intervalo. O que para uma criança de 9 anos é de uma extrema violência.
Parece que a miúda é nova na turma, é brasileira, tem algumas dificuldades de aprendizagem e tem uma baixa auto-estima. Percebo tudo isto e acho que a professora tem alguma razão. Mas no geral acho tudo um grande exagero. Obviamente não dei nenhum castigo ao meu filho, falei apenas com ele, com a maior calma do mundo e tentei explicar-lhe o que seria se ele estivesse no lugar da Joana: "Imagina que ias estudar para o Brasil, uma escola nova, amigos novos, regras de português diferentes.... etc..etc..." Percebeu perfeitamente e ficámos conversados.
Os adultos complicam muito.
Fui só eu à reunião de pais e quando contei ao pai lá de casa foi uma gargalhada pegada. E cada um a fazer mais piadas parvas do que o outro... Estamos em sintonia. E o meu filho num stress para nos contar o que tinha acontecido. Coitadinho.
Um diário das minhas peripécias com o F., o Francisco, a Benedita, os amigos, a família e os estranhos. Ou como disse uma amiga minha o blog das aventuras da R. Espero que se divirtam a ler... tanto como eu a escrever.
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