segunda-feira, 6 de abril de 2020

Eu não sou esquisita

Isto de ser o marido a ir 95% das vezes ao supermercado tem os seus prós e contras.
Sou eu que faço a lista mas depois nunca sabemos muito bem o que vem lá. Os sacos das compras viraram cabazes surpresa, que na maioria das vezes são boas surpresas. 

Apesar de ser filha única (acho sempre que de cada vez que digo que sou filha única, que tenho que pedir desculpa) os meus pais não me facilitaram a vida. Lá em casa comia-se de tudo, e com sorriso na boca. A única vez que me lembro de fazer finca pé, com uma sopa de abóbora, a coisa não correu muito bem para o meu lado. Fiquei à mesa horas, e toda uma vida a acontecer à minha volta. Acabei obviamente por comer a sopa em modo gaspacho. Gelada! Isto tudo para dizer que ainda hoje como de tudo, não sou esquisita.

Mas... há uma coisa que sou mais meticulosa na compra: o pão. Não me venham com a conversa que é tudo igual... porque não é. Detesto pão branco desde que me conheço, mas para o bem e para o mal vem sempre parar ao meu prato. Lembro-me de na minha infância o meu pai comprar pães integrais e de eu me deliciar como se estivesse a comer croissants, mas depois chegava ao colégio e tinha que obrigatoriamente comer as carcaças carregadas com manteiga Planta.

Quando a minha filha nasceu (horas antes estava num hotel com o marido já a sonhar com o mega pequeno-almoço que ia ter, e vai daí às 4 e tal da manhã rebentaram-me as águas e lá fui eu para o hospital) às 7 da manhã em ponto, pouco depois lá estava eu a ser presenteada com uma bela carcaça embrulhada numa embalagem de plástico. O marido depois da Beni nascer voltou ao Hotel e foi tomar o seu belo pequeno-almoço, e enviou-me uma foto e tudo.

Ou uma conversa surreal que tive com um empregado brasileiro, num café, quando perguntei qual era o tipo de pão das tostas. E o senhor deu um nó no cérebro.

Isto tudo para dizer que uma pessoa que já me conhece há mais de 20 anos, vive comigo há 11 anos... acha normal trazer um pão branco-lixívia para casa. Ia morrendo quando vi o pão. Não só trouxe 1 mas 2 exemplares. Já me basta estar em quarentena e ainda tenho que gramar pão mau... Não, não vai dar. Um dia depois estava a enfrentar os meus medos de pessoas e micróbios e fui ao supermercado comprar pão como se não houvesse amanhã. Do bom, claro!





2 comentários:

Mafaldix disse...

Não sei onde moram, mas o Pão de Carnide, em Lisboa, perto da Igreja da Luz continua a fazer o melhor pão de Lisboa (para mim) e está a funcionar com todas as medidas de segurança e higiene. Eu vou lá, compro 40 bolinhas e um fatiado e depois congelo e vou retirando durante a semana. Eu também adoro pão, bom pão!

Raquel disse...

Sou de Oeiras mas sou menina para dar um saltinho a Carnide só para experimentar esse pão maravilhoso. Vou depois da Páscoa só para não arriscar ir presa... ;)

Sono, onde estás tu?

Sempre tive a sorte de dormir lindamente, assim que me deitava adormecia ferrada e só acordava no dia seguinte. Até que chegou a pandemia......