Desde o 1º dia que me foi diagnosticada esta doença que tomei a decisão de não falar no assunto, porque na realidade não há nada para dizer. É crónica, é para sempre, não há muito mais a fazer. E portanto instruí família e amigos a não me perguntarem sobre o assunto porque para mim o melhor remédio é não me lembrar que existe.
Pela primeira vez sinto que isto de fazer parte de um grupo de risco é lixado, e que de dia para a dia preocupa-me. Desde que começámos a quarentena tenho lido muitos mais jornais e visto ainda mais notícias. E quanto mais informada...pior...
Morro de medo de ser infectada, de o meu sistema imunitário não funcionar, e que estando internada num hospital que os médicos tenham que decidir entre mim e outra pessoa para ter direito a um ventilador. E lá imagino eu a minha conversa com a médica (não sei porquê imagino que é sempre com uma médica) a suplicar-lhe para me escolher a mim, porque tenho dois filhos pequenos para criar.
Estou sempre a ter este monólogo na minha cabeça.
É tramado. Muito tramado.
Pela primeira vez não me sinto "igual" aos outros.
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