quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Coisas soltas de Paris

No supermercado achei estranho venderem embalagens de fiambre, só com duas, ou com quatro fatias. Muito pouco ecológico, e prático (digo eu).

Nos jardins as cadeiras de ferro substituem os bancos, e por norma estas estão à volta da fonte (quando existe), ficam todos a apreciar o repuxo XL, como se estivessem à volta de uma grande mesa redonda.

As pessoas na rua são simpáticas e ajudam (falámos quase sempre em francês) mas nos serviços (cafés, restaurantes, posto de turismo, lojas) só faltava sermos agredidos.
No posto de turismo a jovem só tinha um limite máximo de três perguntas por turista, e à quarta pergunta decidiu resmungar em francês. Respondi-lhe em francês que compreendia muito bem a sua língua. A fera amansou.

O multibanco francês enquanto processa o pagamento diz “patientez” e o nosso diz “aguarde pff ”, nunca vi população mais impaciente.

A toda a hora há “rusgas de picas” no metro, sedentos por multar tudo o que mexe. Nós, na nossa última viagem de metro também fomos multados porque o nosso bilhete já não abrangia aquela área. Explicámos que foi engano, mostrámos os mil bilhetes que tínhamos nos bolsos. Não adiantou nada. Paguei 50 euros e ainda fui chamada de louca (em francês). A senhora achava que nós não falávamos a sua língua… Não lhe respondi à letra porque não estava com vontade de pagar mais.

No dia que decidimos passear de barco pelo Sena, a corrida para a última viagem, não correu bem. Para não ficarmos 20 minutos a olhar para a paisagem, corremos como se não houvesse amanhã para apanhar um barco… que afinal era barco-restaurante, e mais parado era impossível. A corrida estava feita e o meu joelho decidiu protestar nos restantes dias de férias… até hoje. Nos próximos 15 dias vou andar de muletas.

Na ilha de St. Louis, numa das ruas mais movimentadas, estavam uns velhotes muito humorados, de chicote na mão a oferecer “chicotadas maliciosas” a quem passasse. Ostentavam num dos cartazes a razão…”é que a terceira idade é aborrecida”.


4 comentários:

Mary disse...

Essa do joelho é que não está com nada! Será PDI? Ou algo mais grave?

Anónimo disse...

Porra! Foi a primeira coisa que pensei... toma lá que é para não teres a mania que és nova. Achas que podes andar mais de 6 horas por dia, e no fim ainda fazer um sprint até ao barco parado...
É portanto um misto de PDI (digo eu) com um estiramento do joelho(diz a médica).

Anónimo disse...

O PDI deixou de se usar. Agora é mesmo DNA - Data de Nascimento Avançada.
Volto a referir que as chicotadas não foram na Ilha de Sant Loius mas sim no Quartier Latin.
Dos mitos que existem sobre França (Paris, para ser mais exacto) há um que não se confirmou: a comida em doses de formiga. Fomos sempre muitíssimo bem servidos. Mas há outro que se confirmou: antipatia natural, ou mesmo estudada, de tudo o que é pessoal na restauração. Fica-se com a nitida sensação que em Paris se vive um complexo de Império desaparecido e não compreendido. Tudo o que é estrangeiro é corrido a má criação. Até faz ter saudades da receptividade portuguesa em Portugal.
Episódios não faltaram: no café turístico (volto a frizar, turístico, logo, para estrangeiros) «Angelina», o sorriso amarelo da empregada que nos colocou nos reconditos na sala mais distante (nem a minha t-shirt a dizer «Love me for the Money» foi suficiente para merecer respeito) dava para ficar entre o verde e o vermelho num semáforo. Para além disso, da lista que nos apresentou, não tinham quase nada, ao que perguntámos "então, o que é que tem?". Foi ver. Voltou com uma coisa manhosa na mão e disse "o que temos é isto, serve?". Tanta gentileza... Acho que nem na tasca aqui ao lado falam assim... e isto pagando 7,5€ por uma chocolate quente...
Segunda: Num restaurante, cuja comida era simplesmente fantástca, ainda de garfo e faca na mão,entretidos a conversar, reparámos que os pratos já tinham desaparecido da mesa. Ainda antes de pedirmos o café, a empregada pergunta "ainda vão querer mais mais alguma coisa? É que tenho mais gente lá fora que também quer jantar" (isto tudo com sorrizinho amarelo e muito cinismo barato escarrapachado na testa). Mais uma vez, sentimo-nos como se estivessemos em nossa casa, tão acolhedores são estes franceses (parisienses, peço desculpa). Até a S. deixou uma reclamação escrita na mesa, de tal forma indignada que estava com o tratamento.
Terceira: Depois de provarmos uns magnificos bolos de uma loginha em Montmartre, a R. resolveu entrar de novo e elogiou os bolos a senhor da loja, já preparada para tirar uma foto a um dos da montra,ao que ele respondeu "obrigado (vá lá) mas não pode tirar fotos". Mais uma vez, é sempre bom sentirmo-nos acarinhados e bem recebidos...
Enfim, lá diz toda a gente... Em Paris só é mesmo pena haver franceses...

Anónimo disse...

O senhor F. raramente escreve no meu blog... mas quando escreve faz posts. Mai nada.
Esqueceste-te de dizer que apesar de toda a situação insólita no Angelina, não conseguimos parar de rir do pricipio ao fim. Parecia um filme.

Sono, onde estás tu?

Sempre tive a sorte de dormir lindamente, assim que me deitava adormecia ferrada e só acordava no dia seguinte. Até que chegou a pandemia......