Tinha mesmo que escrever este post. Por respeito às minhas queridas leitoras que me acompanharam nesta luta! Cá vai.
No domingo, quando regressei ao hospital, e a fazer contas à vida, que é como quem diz, a pensar qual seria a minha capacidade de resistência para mais uns dias de clausura, tentei entrar na rotina. Era muito duro despedir-me das visitas. A partir dali estava sozinha, me, mysellf and I.
Depois de me instalar nos aposentos, ver os emails, ler umas revistas fresquinhas e debater o fim-de-semana com as minhas coleguinhas de quarto reparei que ainda estava uma cama vazia. E comentei em voz alta: "Então ainda não temos uma nova inquilina?"
Bem dito, bem feito. Pouco tempo depois, entrava-nos pelo quarto adentro uma paciente de maca, empurrada por uma dupla de bombeiros.
A coisa parecia que ia ser pacífica, até a enfermeira começar a fazer perguntas à nova paciente.
A velhota vinha acelerada, surda como às portas (a mais surda de todas!) e falava aos BERROS. MESMO. E no fim de cada frase dava uma gargalhada sinistra.
A enfermeira perguntava-lhe o que é que lhe doía, e ela dizia: "ONDE É QUE EU MORO? MORO EM ALGÉS". Uma conversa de surdos pegada. TUDO AOS BERROS. A enfermeira viu-se grega para fazer a triagem. E Lisboa inteira ficou a saber o que é que a velhota tinha.
O problema é que a senhora não queria ficar deitada. A velhota estava excitadíssima. Tiveram que puxar as grades da cama para cima, para controlar a galinha desvairada.
De meia, em meia hora berrava: "TIREM-ME DAQUI. EU QUERO IR MIJAR".
E se os auxiliares não chegavam naquele segundo, a velhota ficava a berrar a mesma coisa, vezes sem fim: "EU QUERO IR MIJAR, EU QUERO IR MIJAR".
Tive que sair do quarto, para ter o meu momento de gargalhada. Não estava a aguentar, era demasiado surreal. Não estava a conseguir parar de rir. Também eu já estava maluquinha!
Não me perguntem como, mas consegui dormir a noite quase toda, mas acordei com uma tremenda dor de cabeça! As minhas coleguinhas de quarto disseram que a velhota não sossegou a noite toda. Eu não dei por nada.
Antes da minha alta, a velhota da gritaria ainda contou uma história de fazer chorar as pedras da calçada, à auxiliar que lhe ajudou a dar banho logo pela manhã. Em síntese, que tinha 13 filhos e que ninguém lhe ligava nenhuma.
Poucos minutos depois, afinal já só eram 12... Esta velha era uma mentirosa de primeira, fingia que chorava, estava literalmente a gozar com as pessoas que a rodeavam. Um descanso, portanto, para quem está internado.
Estou cheia de pena das minhas ex-coleguinhas de quarto...
Um diário das minhas peripécias com o F., o Francisco, a Benedita, os amigos, a família e os estranhos. Ou como disse uma amiga minha o blog das aventuras da R. Espero que se divirtam a ler... tanto como eu a escrever.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
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2 comentários:
Do que te livraste! Mesmo a propósito essa alta, hein?! ;)
Mesmo!
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