sábado, 27 de julho de 2013

As companheiras de quarto

Quando estava a dar a entrada do meu processo no hospital, reparei que na dita sala estava um quadro duplo com a informação sobre os pacientes que estavam internados dividido por: quarto das mulheres e o quarto dos homens. E no quarto das mulheres a idade média rondava entre os 70 e os 80 anos. Salvo uma paciente, eu com 34. Pânico.

E se quando cheguei fiquei sozinha num quarto com 4 camas. Logo, logo uma paciente teve alta e passei a minha primeira noite, e as restantes, num quarto com mais 5 companheiras.

Temos a senhora que ressona alto e bom som, e eu não consigo dormir (só de tampões nos ouvidos), temos a outra que dorme vestida de robe, mais manta e está sempre com frio e a pedir para fechar as janelas (o quarto é um verdadeiro forno, não imaginam), temos a outra que raramente sai da cama e está de olhos abertos a olhar para o tecto (tem 6 filhos mas recebe muito poucas visitas) e, depois a 4a senhora que sonha com sardinha assada, e salada de polvo, e peixinhos da horta e coisas que tais (porque só tem ingerido iogurtes, batidos e chás no último mês da sua vida), e por fim a senhora surda, que não põe o aparelho no ouvido para não o perder (porque foi muito caro) e é também a fashion victim do pedaço, com camisas de noite todas para a frentex com girafas e robes orientais. E depois temos a "jovem" que sou eu, que desfila pelo hospital de boxers/ calções e t-shirts e havaianas (e que se recusa a usar robe porque é deprimente), tem pilhas de leitura na mesinha de cabeceira, e ajuda as velhotas a subir a cama, a puxar o estore, a apanhar coisas do chão, a aumentar o volume da tv...

Entre sestas, leituras e tv ainda falamos dos filhos, dos programas histéricos da tv portuguesa, das doenças (pois claro), vemos com muita atenção os noticiários da 13h e das 20h, debatemos tudo sobre o bebé real e tudo o que for o tema do momento. E assim passam os meus dias...

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Sono, onde estás tu?

Sempre tive a sorte de dormir lindamente, assim que me deitava adormecia ferrada e só acordava no dia seguinte. Até que chegou a pandemia......