segunda-feira, 29 de julho de 2013

Novas companheiras de quarto

Pois é, as minhas velhotas tem todas baixa, e eu vou ficando para semente.
A velhota que ressonava que se fartava, teve alta.
A velhota que estava sempre com frio, teve alta.
A velhota que só bebe líquidos teve alta no fim-de-semana, mas tem só que vir cá ao hospital passar mais uma noite, por prevenção, e depois vai à sua vidinha.

E eu aqui.

As novas personagens no meu quarto são: mais outra velhota surda (quando tento comunicar com esta, tenho que falar tão alto, que era capaz de jurar que as paredes estremecem) e a cereja no topo do bolo... uma cigana da minha idade. E portanto, já estão a imaginar a confusão, o barulho, o arraial de entra e sai, num quarto que já de si é pequeno, e que está cheio de camas e pacientes e visitas de outros pacientes. É a loucura absoluta.

Fujo a sete pés deste caos. Vou sempre para a sala das visitas. É impossível descansar a cabeça ali.

Das várias vezes que tive que ir ao quarto buscar qualquer coisa, uma das vezes a paciente cigana estava a dormir na cama, e estavam 3 mulheres, cada uma sentada numa cadeira, à roda da cama (como se estivessem à frente da lareira) de braços cruzados. Todas em silêncio.
Sinistro.

E eu, na minha ingenuidade, toda contente, a achar que ia ser tranquilo, porque a cigana é do Alentejo, e portanto a família estaria muito longe para a visitar. Hoje, até veio uma prima de Braga, sim leram bem, só para visitá-la.

E depois a ironia de outra velhota que está no nosso quarto, que tem 6 filhos, repito 6, já para não contabilizar netos e afins... E praticamente só recebe visitas ao domingo, muitas delas, claramente em sacrifício. A senhora, coitada, justifica-os dizendo que os filhos moram muito longe (tipo Sintra ?!) e que têm vidas muito ocupadas, têm que trabalhar. Os nossos velhotes são muito mal tratados. É uma tristeza.

6 comentários:

Cartuxa disse...

Os nossos velhotes são maltratados, dizes bem, já os ciganos...viva o contraste!! AQuando tive o meu mais novo em Beja fiquei num quarto com uma cigana novinha que tinha o seu 2º filho. Fiquei boquiaberta! Para além de terem trazido o Modelo atrás pois ela «podia ter fome», deu-se uma perfeita invasão (os sistemas de senhas não funcionam com eles ;) ) e todos pegavam no bebé, atiravam-no ao ar (medo!) mas ao mesmo tempo fazia ternura, pois solidariedade ou união familiar é mesmo com eles. Não há abandono, nisso são um exemplo... As melhoras, querida!Estamos longe mas torcemos por ti!

Raquel disse...

É verdade os ciganos são sem dúvida um exemplo de união familiar. Ainda me ri com a cena do bebé na maternidade... Obrigada pela torcida aí no Alentejo! Bjnhos!

Raquel disse...

Tens tanta graça a escrever Cartuxa, devias ter um blog! Eu não iria perder pitada!

Raquel disse...

Tens tanta graça a escrever Cartuxa, devias ter um blog! Eu não iria perder pitada!

Cata disse...

Estou fã da cigana e das "acompanhantes"! uma simpatia... mais um bocadinho e ficavamos íntimas! ainda vais sair daí com o guarda roupa renovado a "preço de amigo" (começa a investigar o stock de vendas delas!!)...

Raquel disse...

Sim, já percebi, já estavam amigas para a vida! Já estive a investigar... Ela tem uma loja mas no Alentejo.

Sono, onde estás tu?

Sempre tive a sorte de dormir lindamente, assim que me deitava adormecia ferrada e só acordava no dia seguinte. Até que chegou a pandemia......